Resenha Cacau

Livro:  Cacau
Autor: Jorge Amado
Editora: Record
Páginas: 125
Avaliação do Blog: ✰✰✰✰











Vamos para o nosso segundo livro do Projeto Lendo Jorge Amado em ordem cronológica, já explicamos o projeto aqui.

E o que teremos aqui?!


E Jorge Amado foi bem direto na sua escrita, vamos mergulhar no dia a dia dos trabalhadores das fazendas de cacau...Vamos nos alegrar, nos entristecer... Indignados mas, mais uma vez de mãos atadas... Jorge Amado vai relatar a vida de pessoas simples e humildes esquecidos por todos...Lógico que mais uma vez a critica ao seu País fica evidente...
Aqui vamos conhecer José Cordeiro, rapaz de família rica, mas, que com a morte do pai e um golpe do tio (ou seja, não confiem em ninguém) irá ficar pobre, pobre... Honesto e esforçado, irá tentar a sorte em Ilhéus "terra do cacau e do dinheiro " ( pág.15). 


Quanta inocência!!!

Irá cair nas mãos do fazendeiro Manoel Misael de Souza Telles, conhecido como Mané Frajelo... Nesse ponto da história José Cordeiro, perde a identidade, e vira o Sergipano.

"- Está alugado do Coronel.
Estranhei o termo:
- A gente aluga máquina, burro, tudo mas gente, não.
- Pois nessas terras do Sul, gente também se aluga.
O termo me humilhava. Alugado...Eu estava reduzido a muito menos que homem..." Pág. 23

Jorge Amado não tenta romancear absolutamente nada, vamos conhecer de perto o sofrimento de gente humilde, sem estudos e que embora recebam um "salário" trabalham como escravos, sendo obrigados a comprar na própria lojinha da fazenda, com preços anormais, e geralmente acabam ficando sem "saldo", salário...
Mesmo retratando um povo humilde, usando uma linguagem coloquial, Jorge Amado consegue discutir assuntos como repressão social, luta de classes...
Não temos personagens passivos, temos personagens questionadores, insatisfeito, com vontade de mudar, de correr atrás dos seus sonhos, mas, ao mesmo tempo, conseguimos enxergar o medo, as chantagens e dessa forma tornam-se cada vez mais escravizados.
A figura do coronel é ao mesmo tempo amada e odiada. Afinal o coronel, faz "favores", dá casa e comida..
Em plena década de 30 temos talvez (pelo menos aqui retratado) o começo, ou melhor uma tentativa de abrir a boca, de brigar, de exigir o que é seu por direito, quando o preço do cacau cai, o coronel diminui o sálario, (se isso era possível), Sergipano propõe uma "greve"... Mas... E o medo de todos serem demitidos e outros serem contratados...

"- Estamos vencidos antes de começar a lutar.
- Nós já nasce vencido... - sentenciou Valentim.
Baixamos as cabeças. E no outro dia voltamos a trabalhar..." Pág. 125

Engraçado!!! Continua tudo igual, continuamos trabalhando com salários baixos, mas, nos tornamos escravos do medo... 
Ah!!! E o trabalho infantil também é retratado nessa obra do Jorge Amado, as crianças iam desde cedo trabalhar na lavouras...

Nossa primeira leitura foi País do Carnaval, falamos dele aqui. Cacau foi escrito depois de dois anos! Medo da nossa próxima leitura, o que será que Jorge Amado nos reserva...

E você Tá Lendo?




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